
Pela sua relação também com o ambiente, cabe aqui este comentário:
A paralisação dos transportes de mercadorias que vivemos, lamentável nos moldes em que tenha ocorrido, revela o que já se adivinhava acontecesse, não só pela actuação abusiva do Estado e petrolíferas, mas também porque foi dado tudo o que era preciso para criar uma força transportadora por estrada, que na hora que quisesse, paralizaria um país, com gravíssimas consequências em actos de inconsciência e cegueira, quando a água não corresse para o seu moinho.
Desbravaram-se campos e serras na frenética construção de auto estradas, com um fabuloso custo económico e ambiental que todos temos que pagar. Desprezou-se o caminho de ferro: em vez de aumentar e melhorar a rede ferroviária, muito mais económica e quase sem estragos ecológicos; hoje de enorme utilidade.
Deram-se créditos astronómicos para a compra de monstruosos camiões que enchem as estradas a grande velocidade, autênticos combóis de viaturas pesadas, pondo em perigo constante a circulação dos outros utentes.
O transporte rodoviário nunca poderia ser posto de parte, mas poderia funcionar paralelamente ao caminho de ferro, numa concertação bem estruturada, minimizando este pesadelo ambiental e seus elevados custos.
Aos promotores da paralisação, que não querem ver reduzidos os seus lucros, (lógico) não podemos deixar de lhes dar razão na parte que merecem. Até porque nos toca a todos. Desde sempre os Governos em Portugal tomaram
o pulso fraco dos portugueses e abusaram da passividade (como em tudo).
Há muito, mesmo muito, que deveríamos ter batido o pé ao oportunista e abusivo aumento do preço dos combustíveis, a começar pelo gás doméstico (um subproduto baratíssimo que, a não ser aproveitado, seria deitado fora).
Porque a culpa é dos EEUU, dos Árabes, da OPEP e, sem deixar de o ser, em parte, quer o Estado quer as petrolíferas, vá de aproveitar para encher os bolsos, sempre que enchemos o depósito da viatura.
Os responsáveis não cedem fácil, mas têm de aceitar que não há razão nenhuma para que os combustíveis em Portugal sejam mais caros que em Espanha.
Não é questão de dimensão do país, é questão de dimensão de competência administrativa e honestidade.
E embora de depósito e barriga vazios, de Incompetência e desonestidade estamos cheios!